1 de fev. de 2016

Resenha - Homem Máquina

"...definitivamente preciso escrever esse comentário: Sabe aquele momento que alguém conta uma história horrível ou um acidente trágico e você coloca a mão sobre a boca e diz "Meu Deus!" Então, isso acontece a cada capítulo deste livro. Admiro como ele consegue ser bom e trágico ao mesmo tempo."

Acima você acabou de ler um comentário que fiz no Skoob enquanto lia o "Homem-Máquina", um daqueles livros que não é só mais uma história, mas um livro que me mostrou como foi importante a criatividade inclusa em sua história e no processo de criação dela.

Repleto de falas longas escritas em apenas um paragrafo e ideias mirabolantes, o Homem-Máquina me colocou de volta  no universo literário.


Antes de falar sobre o livro vou esclarecer um pouco sobre o modo como ele foi escrito e como isso tornou a leitura ainda mais interessante. Simplesmente o livro também foi escrito com ideias de seus leitores.

Um dia um sujeito veio tirar satisfação comigo pelo meu site por eu ficar sem fazer nada entre um livro e outro:
"O que você faz o dia inteiro? Eu leio Crepúsculo, ora! Estou tão entediado... Livros! ESCREVA LIVROS! Contos... qualquer coisa."

Resumindo: Max Barry, o autor, recebeu um comentário em sua página: de um leitor revoltado por ele não estar escrevendo e esse foi o ponta pé inicial para que ele começasse a postar de pouco em pouco páginas do seu novo livro, onde as pessoas podiam opinar, dar ideias..., e conforme fosse ele mudava na história real.

Eu descobri isso lendo os agradecimentos no final do livro e eu raramente leio esses agradecimentos, porque eles são chatos. Mas só para conhecerem um pouco sobre como ele escreve, segue um trecho:
 "Usei muitas ideias de leitores. Não sabia se deveria admitir isso no livro impresso, mas meu respaldo jurídico alega que não se pode ter copyright de ideias, então, valeu, otários. Espere. Você não digitou isso, digitou? Ótimo."

A história é bem simples, escrita de uma maneira fácil, nada de palavrões e pensamentos rebuscados, mas ela é diferente em cada capítulo, pois aparentemente o autor sempre surge com algo inesperado, eu eu simplesmente amo isso.

O protagonista Charles Neumann é um cientista antissocial que nos convida a uma narrativa dissimulada, logo no primeiro capítulo a essência do livro é posta a prova quando por causa de um celular Neumann tem uma de suas pernas prensadas no Grampo (uma especie de máquina), sendo ele obrigado a amputa-la.

Como um exímio cientista, Neumann não se dá por vencido e não se contenta com a prótese dada pelo hospital. Volta depois de pouco tempo para o trabalho e começa a preparar uma prótese melhorada, que deixaria a ex-perna biológica dele de longe, humilhada, pois seriam tantos recursos e força extra que se tornaria melhor que a perna de qualquer ser-humano. Porém se depara com um problema ao terminar o primeiro protótipo: Sua outra perna, sim! A perna humana! Está o atrapalhando.

Espero que já tenha entendido o rumo da história, mas se você pensa que não vai se surpreender está redondamente enganado. Ainda há um romance e perseguições. Apenas preste atenção: Não é um livro para corações fracos. 

Terminando, para mim uma mistura de RoboCop com Frankestein, um livro que mostra lições de comprometimento e que fará você colocar a mão sobre a boca e falar: Meu Deus!.
          Meus assistentes chegaram à sala de vidro carregando copos de café e falando sobre algo que apreciam achar engraçado. Quando me viram, ficaram paralisados.
          - Dr. Neumann? - falou Katherine. Inferi isso a partir dos movimentos labiais dela. Eu estava do outro lado do vidro de polímero, e ela não havia acionado o interfone. Esperei que ela se desse conta disso. - Dr. Neumann... o que tem nessa seringa?
          - Morfina. - Minha voz saiu abafada, porque eu estava segurando a manga da minha camiseta com os dentes. Mas acho que ela entendeu. Terminei de aplicar a injeção e soltei a manga. - Para dor.
          Katherine e Jason olharam um para o outro. Jason se inclinou na direção do microfone.
          - Que dor seria essa, Dr. Neumann?
          Fiquei decepcionado. Aqueles garotos deviam ser as mentes mais brilhantes de sua geração. E ali esta eu no Grampo com uma seringa de morfina e eles não compreendiam.
          - Acho que vai ficar óbvio. [Pg. 61]

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